A ansiedade e a biópsia

Acordei ansiosa na quinta-feira (12.11).
Por mais que esteja aceitando bem toda essa situação, não é fácil esperar.
Perto da hora do almoço, decidi mandar uma mensagem para o meu médico dizendo que a ansiedade estava aumentando. Gentilmente ele me respondeu que, ainda naquele dia, teríamos resposta do laboratório.
No início da tarde tocou o telefone aqui em casa. Meu filho atendeu, era a secretária da Clínica de Oncologia. Fiquei apreensiva, achando que meu filho tivesse desconfiado mas ele me pareceu tranquilo. A secretária disse, " Saiu o resultado da sua biópsia e a sua consulta tem de ser hoje às seis e meia da tarde".
Estava fazendo meus artesanatos e voltei a eles. Mas, de repente, um sono tão forte tomou conta de mim que tive de me deitar. Dormi no sofá da sala mesmo, coisa que não é nada comum.
Saí de casa antes das seis da tarde e passei no laboratório pegar alguns resultados de exames, antes da consulta.
Uma das minhas amigas já estava lá na sala de espera da clínica! Todo mundo me paparicando!
Esperamos um pouco e entramos juntas na sala do médico.
Disse ao médico que não teve jeito da minha amiga não me acompanhar...e ele respondeu que isso era muito bom porque naquele momento eu precisava aceitar cuidados!
Aceitar cuidados...
Entreguei os exames e ele quis ver as imagens da ressonância. Quando levantou o "negativo" e o colocou contra a luz, eu logo disse: Doutor, tem uma lagartixa ali!!
O médico olhou pra mim e disse: como prevíamos, temos uma encrenca aqui!
Brinquei dizendo que esperava boas notícias e ele não me deu...
Dr. Cleverton respondeu lembrando que a medicina está avançada e que outras doenças são tão ou mais sérias, mas foi claro: você tem câncer, porém totalmente tratável!!
Explicou que no meu caso, porque ainda não cheguei aos cinquenta anos, o tratamento deveria iniciar pela quimioterapia e só depois falarmos em cirurgia.
Enquanto ele explicava, não posso negar que senti o peito apertar e um nó na garganta. Quimioterapia, ficar careca, sofrer com enjôos...
Respirei ...
Pouco depois, o médico disse que eu tinha todo o direito de chorar, de ficar mal.
Pensei que não queria tristeza!
Prefiro tentar enfrentar tudo com alegria, quem sabe isso ajuda, né?!
Bem, a conversa evoluiu e ele disse que meu cabelo iria cair. Respondi que já havia bolado um visual com turbante, micropigmentação de sobrancelhas e cílios postiços. Ele riu.
Seis meses de quimio...
Eu e minha amiga escutamos tudo. Disse a ele que não tinha muitas perguntas, mas que ele precisava saber que poderia contar comigo, pois eu não iria me entregar.
O Dr. Cleverton respondeu que percebeu isso desde a primeira consulta. Disse que alguns pacientes pareciam não querer deixar a doença ir embora e que aquele não era meu caso, o que ajudava muito.
Eu e a Rosângela nos despedimos no estacionamento e fui pra casa no meu carro.
A Dounia, amiga desde os tempos de faculdade, irmã de coração e madrinha do meu caçula, ligou para saber como tinha sido a consulta.
Contei tudo e me surpreendi o quanto estava forte. Segura de que, no que dependesse de mim, a aquele desafio seria vencido.