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A despedida dos cabelos


Eles ainda estavam presos a minha cabeça, mas os da Susan começaram a cair. Ela mandou uma mensagem me contando, respondi que deveria ser forte, etc.

Estava no fim do almoço. Estou hospedada na casa de praia de uma grande amiga. Olhei pra Edi e falei, a Susan já está perdendo o cabelo.

Isso quer dizer que amanhã ou depois serão os meus.

Fernanda, filha da minha amiga, disse que eu deveria cortar antes de começar a cair. Esta sempre foi minha intenção.

Porém, decidir e executar são coisas muito diferentes. No momento em que escutei: "vamos? Eu levo você!", as lágrimas começaram a rolar. Eu ria e chorava. Olhei para meu filho Pedro, os olhos dele estavam úmidos e os da Edi também. Senti um abraço me envolvendo, era o Gui, meu caçula. Todos falavam comigo, mas confesso que não lembro o que diziam.

Lembrei que a Susan escreveu algo sobre ser muito apegada aos cabelos.

Então, Mandei uma mensagem para ela mais ou menos assim: "decidi rapar meu cabelo hoje. Será em sua homenagem!"

Segui o conselho da Edi e fui tomar um banho e me produzir para aquele momento.

Exagerei! Maquiei um pouco, coloquei chapéu, amarrei um lenço a ele, óculos escuros. Toda mulher se sente mais forte quando está bem arrumada!

O Pedro perguntou quem iria comigo, respondi que apenas a Esi poderia ir. (Não queria uma plateia para aquele momento).

Chegamos ao salão num clima de bom humor e uma certa ansiedade. Eu não senti vontade de chorar. Brinquei com a situação. A cabelereira foi gentil e delicada. Duas clientes do salão acompanharam aquele momento. Eu as escutava dizendo que a mãe tivera câncer de mama e também perdera os cabelos. E que eles cresceram mais saudáveis e bonitos ao fim do tratamento.

Agora, lembrando, parece até que tinha música suave tocando. Mas isso é fruto da minha imaginação. O salao estava quieto, tranquilo.

Ao final, nos reunimos para uma foto tirada pela Edi que, além de me apoiar, levar e aguardar, ainda pagou a conta do meu novo visual.

Chegar à casa dela foi o momento mais divertido. Na casa tem duas crianças, uma de nove e outra de quase quatro anos. Iam, o mais velho, foi o primeiro que vi. Tirei meu chapéu e ele arregalou os olhinhos e balançou a cabeça. Mas de um jeito muito divertido!

A Duda, menorzinha, riu e disse que eu não deveria nunca levá-la pra cortar o cabelo. O Pedro me fez muitos elogios, o Gui e a Fernanda também! O Lucas, marido da Fer, foi o mais contido. Mesmo assim riu muito da expressão de surpresa da Dudinha.

Enfim, mantivemos o bom humor.

Coloquei um turbante ( achei que me sentiria melhor). A Edi abriu um espumante e brindamos minha à saúde.

Mandei minhas fotos para a Susan, para a Juliana ( que me contou ter feito químio na última quarta-feira) e fui mimada até a hora de dormir.

Hoje, quando acordei, pensei: estou mesmo careca!

Levantei e vi no espelho uma mulher parecida comigo. Mas sem cabelos

De verdade, não acho que fiquei feia. Mas também não fiquei linda, como as pessoas estão dizendo. Sei que querem me animar. Eu agradeço a cada uma delas pelo carinho.

Escrevo agora me sentindo forte. Gostando do meu novo visual que está combinado a grandes argolas e uma maquiagem bem leve.

A Juliana ofereceu uma sessão de fotos, pra mim e pra Susan. Aceitamos.

Obrigada Susan, pelo estímulo. Obrigada Edi, Fer, Pedro e Gui, pela força. Obrigada Ju, pelo presente!

Agora, é seguir em frente!!!

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