Nem tão forte e a agonia das redações

Não estranhem a foto, é da Mira Graçano e está tudo bem com ela. Mais abaixo vocês vão entender o motivo dessa imagem, ok?
Bem, no último domingo percebi que nosso organismo, ou melhor, o meu organismo...por mais forte que seja, tem seus momentos de fraqueza. Às reações da última quiometerapia vieram com atraso, mas vieram com tudo.
Depois de passar o dia com meu estomago pesado, como se ali tivesse um tijolo, daqueles bem grandes, a náusea começou com uma onda de calor para logo em seguida eu sair correndo em direção ao banheiro. Vomitei muito e várias vezes madrugada a dentro.
Além disso, ondas de calor intenso e muito suor eram sucedidas por muito frio. Como quando estamos com febre, mas sem a febre.
Ontem pela manhã, continuei do mesmo jeito. Tive uma trégua de mais ou menos cinco horas para depois enfrentar mais um daqueles episódios indesejados, de colocar para fora os poucos líquidos que havia tentado ingerir.
Nada parava no meu estômago.
Meu marido teve de fazer home office, buscar os meninos na escola e dar conta das coisas da casa, porque eu realmente fiquei abatida. Quem me conhece sabe que não gosto de ficar parada...
Senti uma certa tristeza, eu confesso! Afinal, mal havia me vangloriado de minha força e lá estava eu, prostrada, de cama, vomitando até meus pensamentos.
Mas como não posso deixar a peteca cair, logo vinha a minha cabeça que nela ( na cabeça) estava o controle. Comecei a pensar que não poderia permitir que aquilo me abatesse porque já era esperado que eu passasse por algo parecido.
Eu é que vinha dando uma baita de uma sorte, convenhamos!
Minha vizinha querida, Priscila, veio me ver trazendo bolacha de água e bolacha maria da Piraquê (adoroooo), além de água tônica. Um carinho que me fez muito bem, em especial, ao meu coração!!
Hoje, terça-feira, comi torrada no café da manhã, frutinha de lanche e até almocei um pouquinho.
Ufa! o pior já passou. Só a fraqueza ainda é grande. Se estou sentada ou em pé e ela chega, sou obrigada a deitar o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, me sinto muito mais disposta! e vejo que logo vai passar.
Mas, o que mais me motivou a escrever foram as notícias - no dia do repórter - a respeito de demissões no jornalismo paranaense. Isso sim, me deixou triste pra valer.
Sinto que o público consumidor de notícias está ficando mais órfão a cada dia.
Sou do tempo em que tínhamos no mercado, revistas fortes, jornais competitivos e telejornais que dava gosto assistir ou trabalhar. E por trás de cada veículo, jornalistas incríveis. Aqui do Paraná, Luiz Geraldo Mazza, Bernardo Bittencourt, Jorge Narozniak, entre tantos outros.
Faz seis anos que saí do jornalismo diário. Vejo de fora a transformação.
Nesse tempo, o Jornal O Estado do Paraná saiu de circulação. O "O Estado" foi transformado no site "Bem Paraná", a Gazeta do Povo anda cada dia mais fininha, até mudou o formato! e o JL (Jornal de Londrina) foi fechado.
Nos eletrônicos, a RPC acabou com o "Revista RPC" e fechou sua TV a cabo, a Ó TV.
Graças a Deus, as Rádios de notícias ainda estão sobrevivendo...
A crise financeira que os veículos enfrentam diante da brutal queda de audiência não está sendo fácil. A gente sabe!
Mas, a mudança necessária para os que se mantém ativos será mesmo essa? Demitir os mais experientes?
Vejo com imensa tristeza que a RPC vem demitindo fortemente em todo estado. Justo ela que, no passado, pagava melhor e reunia excelentes profissionais.
Lá se tinha um cuidado incrível com texto, com imagem... mas até o professor de português foi dispensado. E era um só para atender jornalistas do rede toda!
Um dia, escutei de um colega das antigas com posição de chefia que, ao dispensar um jornalista experiente ( e mais caro) e colocar em seu lugar um iniciante ( e bem mais barato para a empresa), o público não notava qualquer diferença.
Será?
Claro que os jovens precisam de espaço pra começar. Mas, ter o privilégio de trabalhar com jornalista "velho", como eu tive, é crescimento na certa.
Hoje se quer produtividade nas redações que ainda se mantém. Quantidade, nem sempre corresponde à qualidade, é bom a gente lembrar.
Pedir produtividade em jornalismo me parece uma coisa tão maluca quanto exigir que um chefe de cozinha coloque seu time para preparar fast food.
Daí acontece o que vi ontem no Jornal Nacional. Uma chamada super tendenciosa, em tom de fofoca, sobre o fato do Papa João Paulo II ter tido uma amizade com uma filósofa. Ok, pode ter sido mais do que isso. Mas o tom da chamada não estava de acordo com a notícia!!!! na reportagem mesmo dizia que era mais que uma amiga e menos que uma amante. Um amor talvez?
Imagino que, para os executivos de um canal de TV, de uma rádio, de uma editora ou de um jornal deva ser difícil pensar em como sobreviver nesse mundo de consumo superficial de notícia. Onde muitos se informam por redes sociais, etc...
Mas dói ver profissionais de qualidade, como Herivelto Oliveira, Mira Graçano, Fernando Rodrigues, Odilon Araújo, Márcia Kaneko e tantos outros, fora das redações!
Gente experiente, jornalistas formados principalmente pelo dia a dia das notícias, com faro e experiência para saber encontrar a notícia dentro dos fatos, dos acontecimentos que façam a diferença para a comunidade.
Desculpem o desabafo, mas estava precisando dele!