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A Gi continua me ensinando


Desde ontem estou tentando escrever este post. Tarefa difícil porque não é fácil falar de uma partida quando se quer incentivar as pessoas a entenderem que o câncer é uma doença tratável.

Sim, ele é.

Na maior parte dos casos ele é.

Mas não foi assim para minha querida Gi. Uma amizade curta, mas extremamente intensa, pelo menos para mim. Hoje completou uma semana da partida dela. E tratar desse assunto está me emocionando muito.


Mas, acima de tudo, quero que todos os leitores deste post, enxerguem que temos de viver bem, cada dia. Sem lamentações, e com vontade de fazer o melhor por si e pelos outros. Não quero gerar tristeza, quero contaminar com energia, a mesma energia transmitida pela Gisele.

Quando escrevi pela primeira vez sobre ela, relatei o quanto aprendi com aquela moça altiva e forte. Isso foi lá por janeiro, eu estava bem no início do meu tratamento. No primeiro encontro, a Gi nem imaginava que eu iria descrever como aquele momento me impressionou. Lembro como se fosse hoje da imagem daquela mulher que ostentava com orgulho sua careca. Além disso, óculos em estilo aviador, transformavam em charme as mudanças que um câncer raro havia lhe imposto. (Para quem não lembra, o câncer de nariz fez com que um dos olhos fosse empurrado para baixo). Todos na sala de espera admiraram a moça, diga-se de passagem.

Comentei com a Rô Montemurro, que estava comigo, e ela concordou. Hoje percebo que foi como se nós tivéssemos sido atingidos por uma flecha de luz.


Na sala de curativos ( fui trocar o curativo do meu catéter), fui acomodada ao lado da Gi. Não acredito que tenha sido uma coincidência, faz tempo não acredito em coincidências.

Dias depois, nos encontramos novamente na clínica e eu contei que havia escrito sobre ela no blog.Ali nasceu nossa amizade.

Não tivemos muitos encontros. A gente se comunicava mais pelo whatsapp.

Soube da cirurgia e da campanha para arrecadar R$50.000,00 ( para pagar os médicos que não eram conveniados ao plano de saúde), pelas enfermeiras da clínica.

Mandei mensagem, ela demorou para responder.

Só entendi quando li um post dela no facebook, contando que estava se recuperando e que foi necessária a retirada do olho, atingido pelo câncer.

Pouco tempo depois a convidei para o yoga, ela topou. Ficou combinado que iria buscá-la em casa. Porém, pouco antes do horário previsto, recebi uma mensagem em que ela contava que não iria pois estava dormindo muito mal, com muitas dores no corpo.


Dias depois, a Ju ( perna direita) me contou que conheceu uma amiga minha na sala de espera da radioterapia. A Gi! ( coincidência?)

Pedi que a Ju dissesse para ela me "visitar" durante minha sessão semanal de químio. Contei isso pra vocês, lembram?

A Gi dizia que o que mais gostava em nós era nosso bom humor! Sabendo disso, a gente caprichava.


Fui vê-la no hospital e tive a honra de ser a portadora de um Anjo do Bem. Um anjo com vestido amarelo. A cor preferida da Gi, ela me contou depois. Quando cheguei em casa, recebi uma mensagem de agradecimento pela visita e pelo anjo. Um mensagem muito carinhosa e linda!

Na mesma semana a Ju também foi. Recebi uma nova mensagem, onde a Gisele contava o quanto ficava feliz com as bobagens que falávamos e com o carinho que tínhamos por ela. Em nossa brincadeira de apoio mútuo, acabou escolhendo ser os braços, já que eu era a perna esquerda e a Ju a direita.


Infelizmente, a Gi foi portadora de um câncer agressivo e devastador. Recebeu a notícia da metástase e da agressividade do câncer, de um médico do hospital (não era o médico que a acompanhava), quando estava sozinha!!!! Ficou arrasada. Sinto tanto por não ter escutado tocar meu telefone. Naquele momento ligou pra mim e para a Ju ( infelizmente nenhuma das duas viu a ligação). Fui alertada pela Juliana, consegui falar com ela que já estava acompanhada do marido e muito mais calma.


A partida dela comoveu milhares de pessoas. A família, amigos ( que tinha de montão!!! Um funcionário do hospital me contou que ela recebia muita gente e muito carinho). Sem contar os seguidores no facebook, do Clube da Alice, enfim! Certamente a Gi, fez muita gente refletir sobre a vida e o quanto devemos aproveitar os instantes em que estamos aqui. Sobre os nossos excessos no que diz respeito à vaidade e sobre a coragem com que devemos enfrentar os desafios que se apresentam à nossa frente.


Pra mim, a Gisele Dutra continua ensinando. Sempre penso na valentia que ela me passava. Essa é a palavra. E era uma valentia contagiante. Mesmo quando estava mais abatida foi capaz de dizer, preciso me fortalecer!

E jamais percebi nela qualquer traço de autopiedade.

Então, espero que a história dessa mulher incrível sirva pra você como é para mim, uma história de perseverança, força e coragem.


Gi querida, serei sempre grata por você ter sido colocada na minha vida! Sei que nosso encontro não foi nem coincidência, nem por um acaso!




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