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O desembarque do Allien


Deixa eu contar um pouquinho da preparação para a retirada do Allien ( a Cassiana Pizaia também chama assim, rssss). Bem, depois de fazer as marcações na pele, à caneta e com o Dr. Cícero, tive de realizar uma outra marcação, desta vez interna.


Marcação do tumor

Foram dois procedimentos que vou explicar grosseiramente porque são extremamente complexos pra mim. Um deles injetou um contraste na área a ser removida, identificando onde estavam as calcificações e o tumor, para orientar o cirurgião.

No outro, foi injetado um composto à base de carvão, diretamente no tumor.

Bem, o que posso dizer é que foi um pouquinho dolorido. Mas, estar ali, num local especializado, experimentando uma tecnologia como aquela, satisfez demais minha curiosidade jornalística, rssss.

Achei aquilo fantástico. Confesso, apenas, que fiquei me perguntando o que é oferecido pelo SUS! Seria muito bom se todos tivessem acesso a todos esses benefícios.

Bem, a substância radioguiada ( é radiação, mesmo), é identificada por uma caneta leitora, usada pelo médico na hora da cirurgia. E eu o vi testando e a caneta apitando antes da cirurgia. Achei tão, tão bacana!


Fui conduzida pela mão

Percebam como é bom acreditar no sucesso e confiar na equipe que cuida da gente. Fui para a cirurgia completamente tranquila e segura. Na sala do pré-operatório, tive a chance de tentar acalmar uma mãezinha prestes a dar a luz. Aquilo foi maravilhoso pra mim porque percebi que realmente estava calma.


O Dr. Cleverton Spautz, foi até la me buscar. Não fui levada para a sala de cirurgia, fria e cheia de pessoas que não conhecia, por um desconhecido. Não!!! meu médico estava lá! E olha que, a minha, seria a quinta cirurgia daquela quarta-feira para ele. Gente, se os médicos soubessem da importância de um gesto como esse, todos teriam esse cuidado.


Ele me deixou lá sendo preparada ( parecia que eu ia ser lançada numa viagem espacial, rssss) e, enquanto isso, foi e voltou várias vezes. Numa delas testou a caneta. Achei demais!

O Dr. Cícero Urban, o cirurgião plástico vencedor ( venceu o câncer de pâncreas e a tarefa de reconstruir minha mama!!! já conto a epopéia), também veio me ver. Tudo num clima de tranquilidade, alto astral, de bom humor e de profundo respeito. Eu me senti muito cuidada, muito assistida! A equipe da enfermagem também era muito atenciosa. A instrumentadora veio carinhosamente segurar minha mão e se apresentar.

O anestesiologista ficou marcado como um daqueles personagens mascarados e misteriosos! rssss

Só o vi de máscara! mas ele estava na mesma vibração dos outros médicos. Disse a ele que queria a minha anestesia com direito a sonho com um bonitão jovem e sarado, numa ilha deserta... (a fala foi ficando mais pesada e lenta) ele respondeu que naquele dia só tinha promoção de sonho com velhinhos...( não sei se minha resposta foi audível, nem mesmo pronunciada, só sei que eu recusei! queria um jovem bonitão pra me acompanhar naquele sonho, e tudo com o devido respeito ao meu marido, kkkk).


O Pós-cirurgico

As três horas seguintes, obviamente, passei dormindo (a cirurgia estava marcada para 17:30). Acordei com um pouquinho de dor, mas logo me deram um remedinho e fui para o quarto, já era bem tarde. O Doc Cleverton já tinha passado lá e tranquilizado meu marido, minha irmã Sandra e minha amiga, Rô Montemurro. Segundo a descrição da minha irmã, cheguei animadíssima, brincando com o enfermeiro e contando minha proposta para o anestesiologista!!

Estava com um dreno de cada lado e 400 gr a menos de mama.


A tarefa do Dr. Cleverton foi árdua. Remover todas as calcificações, o que restou do tumor e ainda a área de segurança, além de três linfonodos. Os exames feitos no momento da cirurgia não encontraram mais células de câncer nos linfonodos e nem na margem de segurança. Ufa! mesmo assim, o material seguiu para uma pesquisa mais detalhada. Os resultados saem em quinze dias.


Bom, meu cirurgião me deu essas notícias na manhã seguinte, muito animado. Eu diria até que ele ficou, verdadeiramente, muito feliz com o resultado.

Mas, voltando à sala de cirurgia, imagina o estrago que não foi feito na minha mama esquerda! Aí entrou o Dr. Cícero Urban que teve de enfrentar a epopéia de dar nova forma aos meus peitos. No plural sim, porque o direito teve de ser reduzido também, pra acompanhar o irmão gêmeo e os dois ficarem do mesmo tamanho, no mesmo alinhamento, tudo direitinho!


E o trabalho dele foi fantástico!

Tenho agora dois peitos iguais!! (antes o esquerdo era um pouco maior) Principalmente, eu ainda tenho peitos!

A recuperação tem sido muito boa. Meu dreno pôde ser tirado na sexta-feira. Se no hospital eu passei bem, em casa não tem sido diferente.

Vim com uma receitinha contra dor que está funcionando às mil maravilhas. Minha dificuldade maior é com o banho, posso molhar a área da cirurgia, mas não pode ir sabão ali. Isso me deixa insegura, sabe?

Mas, a sensação de alívio ( mesmo com biópsia em andamento) por não ter mais o tumor é muito boa. É como se eu tivesse passado os últimos meses numa jaula e, de repente, ela tivesse sido aberta. E eu, experimentando o terreno novo e livre do lado de fora. Não quero ser piegas na descrição, mas esta foi a relação mais fiel que pude encontrar para este momento.

A certeza que tenho agora: é muito bom ter mandado passear o oitavo passageiro!


Papo da semana

Olha só, nesta semana, na TV Nômade, vou falar sobre o uso de anticoncepcional e o câncer do aparelho reprodutor (por sugestão da minha querida Veronica Macedo).


E que tal seguir em frente olhando as dificuldades como desafios que vão nos levar até algo melhor!!!

Até a próxima!



Mais uma partida


Ontem, partiu - para reforçar a equipe de anjos lá do céu - minha querida e doce Dona Ilda. Sogra do meu irmão, não teve dificuldades em aceitar como netos os meus sobrinhos, nascidos no primeiro casamento. Com os olhinhos daquele azul que a gente parece mergulhar dentro, ela me olhava e dizia: eu amo tanto você, sabe?

Na última vez em que nos encontramos, foi no dia das mães. Ela estava investigando um problema de intestino que não se resolvia. Pegou na minha mão e disse: não vai embora já... eu gosto tanto de ficar com você!

Fui. Mas antes disso conversamos e brincamos muito. Ela chegou tristinha, chorando... quando saí, estava sorridente e feliz, dizendo que tinha voltado a paquerar meu marido!

Eles se paqueravam, sabe? há anos e bem na minha frente. Ela dizia que não poderia perder a oportunidade.

Eu dizia que ela gostava de ir ao médico para paquerar também os médicos. Ela ria e confirmava a história pra não perder a brincadeira.

Formamos uma grande família. Nós e a família da Silvana, minha cunhada. As festas na casa do meu irmão são sempre grandes. Formamos um exército de amor em torno das mesmas pessoas. Agora, aquela parte do exército vê sua líder descansar, repousar os brilhantes olhinhos azuis.

Ah, dona Ilda, sua danada! Vamos sentir muito a sua falta. Falta das suas respostas rápidas e divertidas, saudades dos seus bolos de morango, ninguém faz melhor!!

Mas, principalmente, saudades daquele amor em forma de pessoa com sorriso doce!




Dona Ilda, em primeiro plano à esquerda e seu famoso bolo de morango.

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