Não completou 15 anos

A semana teve tudo pra ser uma boa semana...
Até que, um acontecimento daqueles difíceis de se entender, me fez repensar todos os meus valores, minhas atitudes e até a minha vida.
Quero dizer a vocês que, prefiro mil vezes bancar a "engraçadona" e rir das minhas dificuldades. Mas, nos últimos tempos os assuntos andam mais densos e acho que não dá pra fugir deles.
A notícia de que um amigo de escola de um dos meus filhos, e o pai, morreram em um acidente na estrada, caiu como um raio sobre todos nós que conhecíamos alguém da família.
No meu caso, eu conhecia o Enzo, um menino que esteve por algumas vezes na minha casa, que sempre vinha me dar oi na frente da escola, que me chamava de tia, que tinha um sorriso doce ... difícil a gente não se apegar a essa garotada linda.
Não pensei em mais nada e saí para buscar meu filho, muito abalado com a notícia ( ele está trabalhando durante as férias). Quando estava muito perto do lugar onde iria encontrá-lo, recebi uma ligação perguntando se eu iria demorar para chegar à PUC, local onde daria uma palestra.
Meu Deus! tudo ao mesmo tempo!
Fiz a volta, chorando pela tragédia e por não poder atender meu filho naquele momento... mas, a Fernanda (minha afilhada de casamento) e o Nildo se organizaram. Ela o deixou em casa ( obrigada, minha linda) e ele foi encontrá-lo .
No caminho para a PUC, eu só pensava na tristeza de assistir ao fim de uma vida, assim, sem qualquer chance de lutar por ela. A morte dos dois foi instantânea. Esse pensamento só dava lugar a outro... à dor daquela mãe...
Cumpri com meu compromisso, fiz a palestra. Mas confesso que a minha vontade era abraçar os meus garotos!
Encontrei meu filho numa tristeza profunda. Eu o abracei como quando era pequenininho, e o vi desabar. A gente tenta ser forte nessas horas... mas, não é fácil, não!
Depois, o grupo de amigos de sempre - incompleto desta vez - se reuniu na minha casa. Todos tristes, tentando entender o que significava não mais ter aquele amigo por perto. Conversaram até altas horas da madrugada. Acordaram com as carinhas mais tristes do que vocês possam imaginar.
Choro só de escrever sobre essa lembrança! É duro ver pessoas tão jovens diante de uma realidade tão dura.
Ontem, eu tinha mais um compromisso. Não foi fácil deixar os meninos em casa e não acompanhá-los na despedida ao amigo.
Lá no evento, que foi muito lindo, encontrei muitas pessoas lutando pela vida, aproveitando a oportunidade para lutar. Mulheres em recidiva, com metástase, mas sempre com um sorriso lindo no rosto e enfrentando tudo com muita força e muita coragem.
Claro que não foi fácil chegar em casa e ver os meninos com aquelas carinhas de tristeza e incredulidade!
E apesar de hoje conviver muito melhor com a morte, ainda estou tentando aceitar que, antes de chegar aos 15 anos, alguém pode ter cumprido sua missão nessa vida.
Hoje, peço que todos façam uma oração para que essa mãe encontre força e luz em seu caminho!
Peço também que, se tem chance de lutar por qualquer coisa na vida, lute. Não se paralize pela autopiedade e nem deixe de aproveitar o agora por medo do que pode vir pela frente!