Jogar no colo do paciente é fácil, não é?
Estava eu aqui, no meio dessa pandemia louca, quando recebi a mensagem de uma grande amiga me dizendo que a tia, diagnosticada com câncer de pulmão agressivo, precisava de dois exames. Esses exames foram pedidos pelo médico com uma urgência de poucos dias, uma vez que se tratava de um caso muito grave, uma corrida contra o tempo.
A questão é que ela, paciente do SUS, foi informada - pelo pessoal do hospital onde estava sendo atendida - que os exames tinham uma fila de espera de meses e que o ideal seria que ela buscasse a rede privada. Ou seja, que pagasse pelo exame.
COMO A S S I M?
Infelizmente, apesar do contato com a Ouvidoria do Hospital e apesar do caso ter sido levado à diretoria, a família - sem ter o dinheiro disponível - fez um empréstimo e pagou pelo exame.
Meu Deus! Existe uma Lei, a Lei dos 30 dias, que estabelece o prazo de 30 dias desde a suspeita até o início do tratamento para os casos de câncer.
Eu sei que vivemos um momento doido, mas imagine dizerem a você que você não poderia esperar os quatro meses de fila porque iria morrer ante disso, caso não iniciasse o tratamento, e que o tratamento dependia do exame.
Esta história ecoa aqui dentro de mim há semanas!
Num momento em que vemos equipes de saúde exauridas tentando salvar vidas dentro de UTIs, enquanto vemos médicos, enfermeiros, técnicos, cientistas, todos unidos ( de um modo comovente e humano) para vencer uma pandemia... também temos situações como essa, em que um problema que pode determinar o "viver ou morrer" é despejado no colo do paciente, e ele que se entenda com o problema dele! Pra mim é revoltante!
Não fui autorizada pela família a divulgar o nome da paciente e nem a instituição de saúde. Mas, não pude deixar de vir aqui trazer minha indignação até vocês. Quero pedir que, se você que está lendo souber de uma caso assim, ajude a dar voz a essa (e) paciente. Entre em contato com a ouvidoria da clínica ou hospital, faça contato com a secretaria de saúde municipal, procure Ministério Público da Saúde, faça contato com a imprensa! Mas não se cale! Faça valer a sua voz!
