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Revolta, sabedoria e muita dor

Como manter a mente sã diante da perda de um filho? E não importa se ele é criança, jovem ou adulto... Como não sentir revolta diante de tantas vidas que se apagam e tanto sofrimento?

O texto a seguir foi escrito por minha querida amiga, a jornalista, Cassiana Pizzaia. Já falei sobre ela aqui no blog muitas vezes. Por favor, leiam e compartilhem!


"Apenas ontem o covid-19 deixou 3251 famílias em luto no Brasil. Uma delas foi a minha. Meu cunhado Jomah Rabah, 52 anos, advogado, professor e pai, se foi. Ele não é só um número, é uma pessoa que fará muita falta.

Disseram que sua morte foi como queimar uma biblioteca. Realmente, o Jomah tinha sempre um livro na mão. Fã de Saramago, leitor de inúmeros assuntos. Uma mente admirável. Mas há muito mais. O bom humor, a casa cheia de gente, a coerência política, o cuidado com as plantas, os filhos e enteados que cresceram em torno dele.

Seu irmão e melhor amigo disse


que a vida do Jomah é a prova de que ser uma pessoa boa, honrada e solidária vale a pena. É por isso que, junto com a tristeza, vem a revolta. Pela vacina que não compraram, pelos remédios sem eficácia que podem adoecer em vez de curar, pela desinformação deliberada, pela incompetência, pela lavagem cerebral que mata. Mas em vez de pensar no mal que infelizmente grassa por aí, me concentro numa senhora de 83 anos.

A mãe do Jomah veio da Palestina sem saber ler e escrever. Sem falar uma palavra de português. Lutou para criar os 4 filhos com dignidade. Não devia passar por isso. No meio de um sofrimento impossível de definir, ela me disse: "gente ruim acaba. Gente boa não morre, muda para o pensamento da gente".

É por ela, pelo Jomah, pelas milhares de famílias que estão vivendo a mesma dor que não podemos desistir. Por favor, quem não acordou, acorde. Vamos cuidar uns dos outros". (Cassiana Pizzaia)


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